sábado, 11 de outubro de 2008

Jesus tinha irmãos?

Jesus tinha irmãos?

Queridos irmãos,
Lemos na Bíblia que os habitantes de Nazaré falando sobre Jesus diziam: “Este é o Filho do carpinteiro, sua mãe é Maria, é irmão de Tiago, José, Simão e Judas, e suas irmãs vivem também aqui entre nós” (Mt 13,55-56). Em outro lugar da Bíblia lemos: “Um dia Jesus estava pregando e os que estavam sentados ao redor dele disseram-lhe: “Tua Mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram” (Mc 3,32).
Os que não conhecem bem a Bíblia tiram deste texto a precipitada e errônea conclusão de que Maria teve mais filhos e por que tal motivo não pode ter ficado virgem, como os católicos acreditam. Muitos irmãos evangélicos falam assim, ao que parece, não por amor à verdade, mas simplesmente para desorientar os católicos e para que o povo simples abandone a verdadeira fé em Cristo, em sua Igreja e na Virgem Maria. Nesta carta quero explicar-lhes como estão equivocadas estas pessoas que pensam que Jesus teve mais irmãos no sentido estrito.

1. “Irmãos e irmãs no sentido bíblico”
É verdade que nos evangelhos fala-se dos “irmãos e irmãs de Jesus. Mas isso não quer dizer que sejam irmãos de sangue de Jesus, ou filhos e filhas da Virgem Maria. Jesus, na sua época, falava o idioma aramaico (que é como um dialeto do hebraico), e nas línguas aramaica e hebraica se usava a mesma palavra para expressar os distintos graus de parentesco próximo, como primo, irmão, tio, sobrinho, primo segundo...E para indicar estes graus de parentesco, simplesmente usavam a palavra “irmão ou irmã”. Por exemplo: Abraão chama de irmão seu sobrinho Lot (Gn 13-8 e Gn 14,14-16). Labão diz “irmão” ao sobrinho Jacó (Gn 29-15).
Isto é, na Bíblia não se usam as palavras “tio” ou “sobrinho”, mas são chamados de irmãos os que descendem de um mesmo avô. Porém, para evitar confusões a Bíblia usa vários modismos. Por exemplo: tratando-se de irmãos verdadeiros, filhos de uma mesma mãe, usava-se a expressão: “Tua mãe e os filhos da tua mãe”. Esta era a única forma correta de se expressar. Em Mt 16,17 usa-se a expressão “Simão, Filho de Jonas” para dizer que o pai de Simão é Jonas. Em nenhum lugar do Evangelho fala-se dos irmãos de Jesus em sentido estrito, como “filhos de Maria”. Portanto na Bíblia não aparece nenhum irmão de Jesus segundo a carne. No Evangelho de Lucas lemos que Jesus subiu a Jerusalém junto com Maria e José. O menino Jesus tinha já doze anos. Este relato não menciona nenhum irmão de Jesus em sentido estrito. Assim, o texto nos faz entender que Jesus é o filho único de Maria (Lc 2,41-52).
No momento de morrer, Jesus confiou sua mãe Maria ao apóstolo João, filho de Zebedeu, precisamente porque Maria ficava sozinha, sem filhos próprios e sem esposo. Para os judeus uma mulher que ficava sozinha era sinal de maldição. Por isso, Jesus confia Maria a João e também João a Maria.
“Quando Jesus viu sua mãe, e de pé junto dela o discípulo a quem ele amava muito, Jesus disse a sua Mãe: “Mãe, aí tens o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Aí tens tua mãe”. E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa (Jo 19,26-27).

2. Quem são estes irmãos de Jesus?
A Bíblia nomeia quatro “irmãos” de Jesus: (Mt 13,55-56). Aqui encontramos os nomes de quatro irmãos de Jesus: Tiago, ou Jacó, José, Simão e Judas. Destes quatro irmãos de Jesus acima mencionados, dois eram apóstolos: Tiago, “o irmão do Senhor” (Gl 1,19) é o Apóstolo Tiago, o “Menor” (Mc 15,40) e Judas, “servidor de Jesus Cristo e irmão de Tiago”. A mãe do Apóstolo Tiago, o Menor, se chama Maria e esta Maria, Mãe de Tiago e José, estava junto à cruz de Jesus (Mc 15,40) e era “irmã de Maria, a Mãe de Jesus”, (Jo 19,25) e tia de Jesus. O evangelista a chama de Maria de Cléofas (Jo 19,25). Comparando os textos bíblicos entre si é evidente que nem Tiago nem os outros três mencionados “irmãos de Jesus” eram filhos da Virgem Maria e de José, mas primos irmãos de Jesus.
Façamos a árvore genealógica das duas famílias:
Pai + Mãe = filho (José + Maria = Jesus)
Alfeu ou Cléofas + Maria = filhos: Tiago, José, Simão e Judas.

3. Jesus é o filho primogênito de Maria
Outros dizem que a Bíblia nomeia Jesus como o “primogênito”, ou seja, o primeiro filho de Maria, e isso é sinal de que Maria teve mais filhos. O fato de que Jesus seja “primeiro filho” não significa que a Virgem Maria tivesse mais filhos depois de Jesus; de forma nenhuma o Evangelho quer dizer isto. “E Maria deu à luz o seu filho primogênito” (Lc 2,7), quer dizer que “antes de Jesus nascer, a Virgem não tinha tido outro filho”. Isto era muito importante para os judeus, porque sendo Jesus o primogênito, ou seja, o primeiro filho, ficava consagrado totalmente a Deus (Ex 13,2). A Lei do Senhor mandava que o primeiro filho fosse consagrado ou oferecido totalmente a Deus (Ex 13,12 e Ex 34,19). Por isso, Jesus, por ser o primogênito, ou primeiro filho, já desde o seu nascimento ficava consagrado totalmente ao serviço de Deus. Isto, e não outra coisa, é o que o Evangelho ensina ao dizer que Jesus foi o “primeiro filho” (Primogênito), da Virgem Maria. Em nenhum caso quer dizer o primeiro entre outros irmãos.

4. O uso da palavra “irmão” no sentido religioso
Um dia Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? “E olhando os que estavam ao seu redor acrescentou: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Porque todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,49-50). Jesus foi o primeiro a usar a palavra “irmão” não em sentido carnal, mas em sentido figurado. No Evangelho de João (20,17) Jesus chama seus discípulos e apóstolos de “meus irmãos” e na carta aos Hebreus (2,11) todos os redimidos por Cristo são “seus irmãos”. Cristo é “o Primogênito destes irmãos” (Rm 8,29).
Neste sentido aparece a palavra “irmão” 160 vezes nas cartas apostólicas do N.T. “Irmãos, pois, neste sentido, hoje como ontem, são todos os que acreditam e aceitam Jesus”. E nisto os irmãos evangélicos são muito inconseqüentes porque em seus sermões usam repetidamente a expressão “irmãos” em sentido figurado (todo o mundo entende que não se trata de irmãos carnais). Mas quando se trata de interpretar esta palavra no N.T. dizem que se deve entende-la no sentido carnal, de verdadeiros irmãos segundo o sangue.
A Igreja Católica, como as igrejas evangélicas, tem agora também o costume de chamar seus fiéis de “irmãos e irmãs”. Isto significa que todos somos irmãos segundo a carne? De forma nenhuma, mas que utilizamos a palavra “irmão” em sentido figurado. Por que então os evangélicos têm tanto empenho em interpretar a palavra “irmão” somente no sentido literal para concluir que a Virgem teve mais filhos? Não existe aqui uma adulteração ou má interpretação de textos? Não será que utilizam estes textos apenas como um pretexto para confundir os católicos pouco familiarizados com a Bíblia? Queira Deus, que estas palavras “irmão e irmã não sejam para nós palavras conflitivas. Irmãos segundo a carne são os filhos dos mesmos pais. Irmãos segundo o espírito somos todos os seres humanos, e principalmente os que são membros de uma mesma comunidade ou família religiosa. Queridos irmãos e amigos em Cristo: Creio que estas explicações são suficientes para esclarecer o sentido bíblico da expressão “irmãos e irmãs de Jesus”. Que ninguém venha agora incomodá-la com discursos errôneos e dizer-lhes que Maria tinha muitos filhos... Os que assim falam são pessoas que não conhecem bem a Bíblia; é gente que interpreta a palavra de Deus segundo seu arbítrio e querem somente semear dúvidas e mentiras. Não disse o Apóstolo Pedro que devemos ser prudentes com nossas interpretações particulares da Bíblia? (2Pd 1,20). E por fim, queridos irmãos, eu também os chamo com a palavra irmãos, peço-lhes que não façam caso de fofocas, mas que sejam realmente capazes de viver este grande sonho de Jesus Cristo que é construir o Reino de Deus onde todos os homens voltarão a ser irmãos.

O que disse o Concílio Vaticano sobre o Ecumenismo?
O Concílio Vaticano II nos recorda que “Cristo, antes de oferecer-se a si mesmo na Cruz, como vítima imaculada, orou ao Pai pelos crentes dizendo: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste” (Jo 17,21). Jesus instituiu em sua Igreja o admirável sacramento da Eucaristia, por meio do qual significa e se realiza a unidade da Igreja”.

Quem Jesus enviou depois da sua Ressurreição?
Jesus, depois de sua Ressurreição, enviou o Espírito Santo que tinha prometido, e por meio do qual chamou e congregou o povo da Nova Aliança, que é a Igreja, na unidade da fé, da esperança e da caridade, como ensina o Apóstolo: “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef 4,5).

Qual é, pois, o princípio de unidade dos crentes?
O princípio de unidade dos crentes é o Espírito Santo que habita nos fiéis, enche e governa toda a Igreja, realiza esta admirável união dos fiéis e os une estreitamente a Cristo.

A quem Deus confiou o ofício de ensinar, reger e santificar a Igreja até o fim dos tempos?
Jesus Cristo confiou aos doze apóstolos o ofício de ensinar, de reger e de santificar (Mt 18,18). E os sucessores dos apóstolos são hoje os Bispos e o Papa.

A quem Jesus destacou de forma especial?
Dentre os doze apóstolos, Jesus destacou especialmente Pedro sobre o qual determinou edificar sua Igreja, depois de exigir-lhe a profissão de fé. A ele prometeu as chaves do Reino dos céus, e prévia manifestação de seu amor, confiou-lhe seu rebanho para que confirmasse na fé e o apascentasse na perfeita unidade, reservando-se ser Ele mesmo a Pedra fundamental e o Pastor de nossas almas (Mt 16,19; Mt 18,18; Lc 22,32).

Por que os cristãos santificam o dia de domingo?
“A Igreja, por uma tradição apostólica, que traz sua origem no mesmo dia da Ressurreição de Cristo, celebra o Mistério Pascal no dia que se chamou com razão: dia do Senhor, ou Domingo. Neste dia, os fiéis devem reunir-se a fim de que, escutando a palavra de Deus e participando da Eucaristia, recordem a Paixão, a Ressurreição e a glória do Senhor Jesus”.

O que acontece hoje?
O que acontece hoje é que para muitos cristãos o dia de Domingo é apenas um dia de descanso, sem nenhuma referência a Deus, o que é um contra-senso.