sábado, 11 de outubro de 2008

Posso mudar de religião?

Posso mudar de religião?

Queridos irmãos,

Outro dia um irmão evangélico me disse: “Por que não vem ao nosso culto e mude de religião como aquele sacerdote católico que se fez pregador do Evangelho?” Respondi-lhe: “Meu amigo, mudar de religião seria para mim um grande pecado. Mas diga-me, como se chama aquele sacerdote que era católico e mudou de religião? onde mora? onde aconteceu isso? Não sabia o que responder-me. Meu irmão evangélico não sabia como se chamava o sacerdote, nem onde vivia... mas depois me contou que tinha um cassete gravado com seu testemunho. Bom, lhe disse, qualquer pessoa pode dizer e gravar o que quiser para semear dúvidas, mas esta história me parece mentira, e não esqueçamos que “Deus odeia os mentirosos” (Pr 6,17).
E supondo que seja verdade que algum sacerdote católico é infiel a sua vocação, isso não é nenhum motivo para que eu troque de religião. Jesus tinha doze apóstolos e um deles o traiu, mas nem por isso devemos abandonar Jesus e a Igreja que Ele fundou.

1. Por que não posso mudar de Igreja?
Em primeiro lugar, a religião não é como a política: hoje pertenço a um partido, e amanhã, se não me agrada, passo a outro. A religião tão pouco é como trocar de camisa. Para mim, a religião é algo que merece muito respeito.
Além do mais, a Igreja católica, da qual sou membro, existe desde Jesus Cristo até agora e é a única Igreja fundada por Jesus Cristo sobre o apóstolo Pedro e seus legítimos sucessores (Mt 16,13-19). E ainda, Jesus disse claramente: “Eu estarei com vocês todos os dias até o final do mundo”. E o Senhor Jesus não mente!
Agora, vejamos. A religião pentecostal começou recentemente, no ano de 1905 nos Estados Unidos, como um movimento de renovação dentro dos metodistas e em pouco espaço de tempo foi se estendendo por todos os países da América Latina.
Desde aquela data até hoje esta prática de divisão tem sido o distintivo dos pentecostais. Alguns dizem que agora já são quase 300 igrejas evangélicas diferentes na América Latina. Eu lhes confesso que tenho muito respeito pelo movimento pentecostal e até acredito que pode chegar a ser um caminho de santidade. Mas, para mim, é impossível mudar de religião, porque estou plenamente convencido de que a Igreja Católica é a única fundada por Jesus Cristo sobre Pedro e, portanto, a única verdadeira.
Um argumento que sempre deveria estar na ponta da língua dos católicos é este: Jesus fundou a Igreja Católica sobre Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja (Mt 16,18). Daqui se deduz que todas as Igrejas, são edificadas sobre outro fundamento que não seja Pedro, contrariam a expressa vontade de Cristo. Não o esqueçamos jamais:
Além disso, a Igreja Católica é a mais antiga. Tem 2000 anos. Onde estavam, por exemplo, os evangélicos nos anos 100, 500 e 1000 e até no século XVI? Onde estavam quando São Jerônimo traduziu a Vulgata? Onde estavam quando houve as grandes perseguições romanas em que tantos morreram por Cristo? Se para os evangélicos a Igreja começa com Lutero, como se explica a lacuna temporal entre o nascimento de Jesus e o século XVI? Que acontece durante estes 15 séculos de vida da Igreja? Como se cumpre durante este lapso a promessa de Jesus: “Eu estou com vocês...Os evangélicos apareceram somente a partir de 1517, portanto, não têm nem história nem o tesouro da Tradição cristã que nós temos. Tão pouco possuem esta plêiade de quase um milhão de mártires que deram a vida por Cristo e que nós, os católicos, consideramos um grande presente de Deus.
Ainda mais. Dentro da Igreja Católica, Deus me comunica seu Espírito Santo com todos seus Carismas e dons espirituais. Dentro desta Igreja encontro a verdadeira adoração ao Deus único e verdadeiro. A Igreja Católica me comunica seus sacramentos, que são sinais sagrados pelos quais Cristo mesmo me santifica. É, sobretudo, a Igreja Católica a que me oferece o Pão de Vida na Eucaristia ou Santa Missa. “Eu sou o Pão da Vida que desceu do céu, disse Jesus, se vocês não comem do Corpo do Filho do Homem e não bebem seu Sangue, não têm vida” (Jo 6,51,53). A verdade é que existem muitas coisas que Cristo deixou na Igreja e que não as encontro nas igrejas Evangélicas e que, mais uma vez afirmo, somente as encontro na Igreja Católica.

2. A questão da bebida
Também acontece que os irmãos chamam para mudar de religião por questão da bebida. Querem dar a impressão de que os católicos são todos uns bêbados. Que injustiça e calúnia tão grande! Chamam para mudar de religião para “não tomar mais” como se a religião católica fosse uma religião de bêbados! Isto é uma grande falta de caridade e de justiça. Embora às vezes haja pessoas que tenham deixado a bebida ao tornar-se evangélicos, isto não significa que nossa religião seja uma religião de bêbados.
Ultimamente, em alguns lugares, muitos católicos, por diferentes motivos, passaram para os irmãos evangélicos. Mas eu digo aos católicos: Não desanimem. “Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino” ( Lc 12,32).
Na história da Igreja Católica, uma história de 2000 anos, houve épocas em que quase todos abandonaram a verdadeira fé. Por exemplo, no ano 356 entrou a heresia do arianismo entre os crentes e quase todos, até bispos e sacerdotes abandonaram a Igreja. Tempos depois terminou o arianismo e voltaram de novo para a Igreja Católica. Acontecerá o mesmo agora?
No ano 1.200 apareceram na Europa os Cátaros e os Waldenses, homens muito piedosos e espirituais, que pregavam outra religião e tinha-se a impressão de que queriam acabar com os católicos. O fervor destes grupos terminou depressa e hoje em dia já ninguém fala deles. Mas a Igreja Católica continua. Nos anos de 1.500 Lutero e Calvino protestaram contra alguns abusos que havia no interior da Igreja Católica. Formaram igrejas separadas, as igrejas protestantes, que depois com o tempo se dividiram em muitíssimas igrejas. Hoje em dia as igrejas evangélicas se sentem envergonhadas por tantas divisões, e nós católicos também, porque isto contraria a expressa vontade de Cristo quer ver seus seguidores todos unidos como uma só família. As divisões das igrejas são a grande tentação de todos os tempos. O Espírito divino hoje suscita o Ecumenismo no interior de todas as igrejas a fim de recuperar a unidade perdida.

3. Os falsos profetas
Já no tempo de São Paulo houve falsos profetas que transmitiam ensinamentos falsos: “Irmãos, disse o Apóstolo, rogo-lhes, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se ponham de acordo e que não estejam divididos”. ( 1 Cor 1,10)
“Estou muito admirado de que tão depressa vocês estejam deixando a Deus e que estejam seguindo uma mensagem de salvação diferente. O que acontece é que existe alguns que lhes incomodam e querem mudar a mensagem de salvação de Cristo. Mas se alguém lhes dá uma mensagem de salvação diferente da que lhes temos dado, que esta pessoa seja posta sob nossa maldição” (Gn 1,6-9).
São Paulo escreve o mesmo na carta aos Coríntios contra os falsos apóstolos ( 2 Cor 11,1-15). Alguns tem-se desviado e perdido em discussões inúteis. Querem ser mestres de religião, mas não entendem nem o que eles mesmos dizem, nem o que pretendem ensinar com tanta firmeza ( 1 Tm. 1,4-7 e 6,3-5).
Também o Apostolo Pedro adverte contra os que ensinam mentiras. Há mestres mentirosos entre vocês. Eles ensinam secretamente suas idéias daninhas, negando assim o próprio Senhor que os salvou. Falam mal do verdadeiro caminho que é o evangelho e em sua ambição de dinheiro, exploram vocês com ensinamentos falsos” ( 2 Pd. 2,1-3).

4. Pregar o Evangelho “à minha maneira”
Queridos amigos: eu não invento estes textos; estão escritos na Bíblia. E do mesmo modo que em outros tempos havia grupos de cristãos que pregavam o Evangelho a seu modo, assim não devemos nos estranhar que, agora também, apareçam grupos que pregam e explicam o Evangelho a sua maneira.
Não se desanimem, nem se deixem enganar , não aceitem verdades pela metade que são o mesmo que uma mentira. Sempre existiu a tentação de abandonar a Igreja Católica e formar novas igrejas. Sempre que há problemas, crise ou pecado no seio da Igreja se produz divisões. Acontece o mesmo que numa família. Suponhamos que um dia tudo vai mal em casa, que papai e mamãe se comportam mal, discutem, brigam. Nem por isso os filhos devem sair de casa, mas, com prudência e carinho, devem pedir que os pais se corrijam e se amem entre si.
Onde há pecados, há desunião, cisma, heresias, discussões, separações...Mas onde há virtude, há união de onde resulta que todos os crentes tem um só coração e uma só alma. Assim também devemos amar esta Igreja de Cristo que é santa e pecadora e pedir a purificação desta grande família de Deus. Mas seria um pecado maior sair desta Igreja Católica para formar outra igreja. Cada um deve dizer seu próprio “mea-culpa” pela responsabilidade que lhe cabe na caminhada da Igreja. Queira Deus que nossa Igreja pudesse aparecer “sem mancha nem ruga”, mas por enquanto somos peregrinos para a eternidade, - todos somos caminheiros e todos carregamos a poeira do caminho.
Mesmo que todos abandonem a Igreja Católica, eu continuarei sendo membro desta Igreja de Cristo. Não esqueçamos que no final da vida de Jesus quase todos o abandonaram.
E hoje mais do que nunca está em vigor aquelas palavras de Jesus: “E vocês também querem abandonar-me?” Ao pé da cruz de Jesus estavam somente sua mãe Maria, o Apóstolo João e algumas mulheres ( Jo 6,67).
Queridos irmãos católicos, depois de tudo, falei-lhes com muito amor, mas com um amor que busca a verdade. Não tenho nenhuma intenção de ofender ninguém. E termino lembrando que, por coisas respeitáveis que as religiões evangélicas tenham, o Concílio Vaticano nos diz que somente na religião Católica está a plenitude da doutrina de Cristo e a plenitude dos meios de salvação deixados por Cristo à sua Igreja. E se alguém fica com dúvidas a respeito de alguma parte desta carta, converse com qualquer sacerdote, religioso ou leigo bem informado. “Somente a verdade nos fará livres.” (Jo 8,32).

Qual foi o objetivo primordial do Concílio Vaticano?
O objetivo primordial do Concílio Vaticano foi o de promover a restauração da unidade entre todos os cristãos. Porque sendo uma só a Igreja fundada por Cristo Senhor, são muitas, sem embargo, as denominações cristãs que se apresentam aos homens como a herança de Jesus Cristo.
E naturalmente esta divisão, além de contradizer abertamente a vontade de Cristo, é um escândalo para o mundo e prejudica a pregação do Evangelho a todos os homens.
Deus queira que vamos avançando para a plena unidade. Para aquela unidade que Jesus pediu em sua oração sacerdotal: “Que todos sejam um como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti” (Jo 17,21). Para isto se requer conversão do coração e reconhecimento das próprias culpas. Todos temos parte nas divisões históricas que aconteceram. E aqui temos a palavra de Jesus: “ O que está sem pecado que atire a primeira pedra”.