sábado, 11 de outubro de 2008

O fim do mundo

O fim do mundo


Queridos irmãos católicos,

Há algumas pessoas que gostam muito de amedrontar os corações de vocês. Por exemplo, falam do fim do mundo como se neste momento os céus e a terra fossem nos destruir. Escutam falar de guerras, acidentes, catástrofes da natureza, pragas ou vêem alguns sinais raros no céu e dizem simplesmente que é o fim do mundo. Em vez de dar uma mensagem de esperança, de amor, de solidariedade; em vez de animar, querem vê-los presos pelo terror e pelo susto. E o pior de tudo, é que estas pessoas dizem fundar suas teorias na Bíblia. A mensagem de Jesus Cristo é uma mensagem de medo, mas é uma “boa nova” do Reino de Deus que se aproxima de nós com amabilidade, paz, justiça e alegria no coração.
Nesta carta, vou lhes falar sobre o fim do mundo, não com contos e fábulas de ficção, mas lendo simplesmete as Sagradas Escrituras.
Antes de mais nada, o “fim dos tempos” do qual a Bíblia nos fala, é o grande mistério de esperança que aparece em todo o livro sagrado. É o mistério da história humana que está no coração de Deus, guiada para um novo “céu e uma nova terra”.

1. Que diz a Bíblia acerca do fim do mundo?
Para começar, as Escrituras nunca falam do “fim do mundo”, mas do “fim dos tempos”, como a dizer que este mundo não acabará totalmente, mas que seria transformado em um “novo céu e uma nova terra” graças a Ressurreição de Jesus Cristo. Na Bíblia também encontramos muitas expressões que se referem ao “fim do tempo”, dia de Javé”, “dia do juízo”, “o dia”, a “vinda de Cristo”, “a ressurreição final” “a Parusia”, “a chegada do Reino de Deus”. Todas são expressões que indicam este “fim do tempo”.

2. Quando acontecerá isto?
“Quanto ao dia e a hora, ninguém o sabe nem mesmo os anjos do céu, nem sequer o Filho de Deus. Somente o Pai o sabe” (Mt 24,36 e Mc 13,32). Jesus não quis dar a data, nem o dia, nem a hora. “A vocês não lhes toca saber quando ou em que data o Pai vai fazer as coisas que somente Ele tem autoridade para fazer” (At 1,1-7).
Com isto, Jesus condena energicamente a tendência humana que ainda existe entre nós de fixar o dia e o ano do fim do mundo. É claro que a data exata tem algo de excitante e chama sempre a atenção; até é notícia nos jornais. Mas o fixá-la é simplesmente uma mentira e um engano, porque ninguém a sabe. Jesus não aquis satisfazer nossa curiosidade, mas quis comunicar-nos algo muito profundo.
A Bíblia, falando do fim do mundo, sempre diz que devemos estar preparados. Mesmo que não saibamos a data, este dia vira como um ladrão na noite: “Vocês, estejam preparados, porque o Filho do Homem virá quando menos o pensem”, diz Jesus (Mt 24,44). “O dia do Senhor virá quando menos se espera, como vem um ladrão à noite” (2Pd 3,10; 1Ts 5,2 e Ap 16,15). Agora bem, lendo a história vemos que sempre houve grupos religiosos que em todos os tempos fixaram a data, o dia e a hora do dia e a hora do fim do mundo mas se enganaram. Assim que, irmãos católicos, não se deixem enganar.
Assim passou já o ano 1.000 e também o 2.000. Alguns fanáticos pregam que o fim do mundo está próximo. Mas isto não é assim. O fundador dos adventistas, William Miller, como o texto de Dt 8,14 e calculando os dias deste texto como anos, fixou a vinda de Cristo à terra para o 21 de março de 1843, o dia final. Esta data chegou e não aconteceu nada em especial; depois disse que se enganou em seus cálculos num ano e proclamou outra vez a vinda de Cristo para o 21 de outubro de 1844. E vendo que Cristo não voltava à terra disse simplesmente que o juízo dos homens começou no céu e logo Cristo se manifestaria na terra. Os Testemunhas de Jeová anunciaram a vinda de Cristo e seu Reino de mil anos na terra para o ano de 1914, depois, para 1925. Agora não dão data e dizem simplesmente que “Cristo virá logo”, e se limitam a escrever em todas partes “Cristo vem”. E não faltou gente insensata entre nós que disse que o fim do mundo aconteceria no ano 2000.

3. Quando será a vinda de Cristo?
Em algumas partes da Bíblia se fala da imediata vinda de Cristo. Em outras partes se anuncia todavia um tempo de espera.
Dá a impressão de que os cristãos da primeira geração esperavam ansiosos a vinda de Cristo. “Porque falta apenas um pouco, e aquele que deve vir vai chegar e não tardará” (Hb 10,37).
“Deus que é o juiz, já está à porta”. Aproxima-se o fim de todas as coisas” (1Pd 4,7). “Sim, vem logo, amém. Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,20).
Até Jesus mesmo anuncia sua imediata vinda: “Em verdade lhes digo que há alguns dos que estão aqui presentes, que não morrerão até que vejam o Filho do Homem vir em seu Reino” (Mt 16,28).
Os cristãos da Igreja primitiva logo perceberam que a história podia durar muito mais. E até alguns zombariam da própria vinda de Cristo dizendo: “Que aconteceu com a promessa de que Cristo ia vir, pois desde que nossos antepassados morreram tudo continua igual desde que o mundo foi feito?” (2Pd 3,4). E o apóstolo Pedro lhes respondeu: “Irmãos, não esqueçam que para o Senhor um só dia é como mil anos e mil anos são como um só dia” (2Pd 3,8).

4. Sinais que precederão o fim do mundo
O apóstolo Paulo, depois de haver refletido muito, anuncia também um tempo de espera. Antes da vinda de Cristo devem acontecer três coisas:
1) O anúncio do Evangelho há de chegar a todas as nações. “E esta Boa Notícia sobre o Reino será anunciada pelo mundo inteiro, como um testemunho para todas as nações. Então chegará o fim” (Mt 24,14).
2) No final da história, Israel se reconciliará com Cristo e se salvará. O endurecimento de uma parte de Israel vai durar até que chegue a plenitude das nações. Então todo Israel será salvo” (Rm 11,25-26)
3) Finalmente, antes da vinda de Cristo há de produzir-se “a apostasia geral”, ou seja, haverá uma crise religiosa na escala mundial, há de vir o Anticristo. “Não se deixem assustar por nenhuma mensagem espiritual como se fosse o dia do Senhor que já chegou. Antes deste dia tem que vir primeiro a rebelião contra Deus, quando aparecer o homem do pecado que se sentará no templo de Deus e será adorado; chegará com muito poder e com sinais e milagres mentirosos. Usará de toda classe de maldade para enganar” (2Ts 2,1-12).
Percebemos que a vinda de Cristo não se realizará tão cedo como alguns esperavam; ou melhor, Deus não mede o tempo como nós. Ele pode apresentar como próximo e não realizá-lo até quando Ele quiser fazê-lo. Por outro lado, se o tempo de espera nos parece longo, nem por isso podemos voltar a uma vida cômoda, já sem esperar. O Senhor virá para cada um de nós como ladrão na noite.
Não esqueçamos que o dia da morte de cada um de nós, o dia do juízo particular, é o dia do encontro pessoal com Cristo. Oxalá que nos encontre em atitude de espera.

5.Como Cristo virá no final dos tempos?
A Bíblia fala de forma bastante confusa de como terminará a história. No A.T. por exemplo, os profetas viam todas as nações da terra unidas num complô para destruir a cidade santa de Jerusalém. Mas no momento mais desesperador Deus intervirá de forma triunfal para instaurar o Reino (Jl 3,14).
No discurso de Jesus acerca do fim dos tempos, ele fala de “guerras e grandes angústias em todo o mundo, o sol não alumiará, a lua perderá seu brilho e as estrelas cairão do céu e os anjos tocarão as trombetas” (Mt 24,29-31).
O livro do Apocalipse (Caps. 13 e 17) fala do dragão e dos monstros, da grande batalha no céu, de Babilônia, a grande, da mãe das prostitutas e dos abomináveis ídolos de todo o mundo...
Todos estes textos acerca do fim do mundo foram escritos num estilo apocalíptico (revelações misteriosas). Era uma forma de escrever muito comum naquele tempo. Estes escritos misteriosos pretendiam esclarecer os últimos acontecimentos da história com visões fictícias e imagens fantásticas.
Não devemos tomar ao pé da letra estas imagens, mas devemos procurar descobrir a mensagem profunda que está por trás destas visões. A grande mensagem destes escritos é: “Cristo Ressuscitado é o centro de toda história e este mundo é o cenário da luta entre os eleitos de Cristo (sua Igreja) e as forças do demônio.
Estes escritos não são para ameaçar nem dar medo, como pensam alguns, pelo contrário: são escritos que querem animar-nos e exortar-nos à fidelidade e á confiança em Deus em momentos difíceis.

6. Como devemos preparar-nos para o final dos tempos?
Nosso destino último e definitivo não está longe, não é um futuro impossível de se imaginar. Já começou. Jesus Cristo com sua pessoa, sua Palavra e sua atuação já inaugurou o Reino de Deus (Lc 11,20); já começou a julgar os homens (Jo 12,31). Sua Palavra, seu amor e sua morte nos julgam e às vezes nos condenam. Já nos transpassou algo de sua Ressurreição (Cl 3,1-4). Por isso, o N. T. nos fala do “tempo” a partir de Jesus como “os últimos tempos” (Hb 1-2 e 1Pd 1-20). Desde então urge viver conforme o Evangelho, urge para todos e cada um, porque não sabemos quanto falta para o fim (Mc 13,33-37 e Mt 24,42).
Não podemos esperar passivamente a volta de Cristo, o juízo final, a Ressurreição geral, a instauração total do Reino de Deus. Esta esperança é o motor da história. O que Deus começou em Jesus Cristo urge que o possa cumprir e nós devemos agora remover os obstáculos.
A segunda Vinda de Cristo ao final dos tempos (Mt 24,3) é o momento do juízo final, da ressurreição geral e da instauração definitiva do Reino de Deus. Nossa esperança tende para esse novo céu e essa nova terra. Por isso a Bíblia termina com estas palavras de espera: “Vem Senhor Jesus!” (Ap 22,20), que repentinos em cada celebração Eucarística depois da consagração e na qual todo o povo responde:
“Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

Sabemos quando e como chegará o fim do mundo?
Não, não sabemos quando será a consumação da terra e da humanidade e a maneira como se transformará o universo.

O que deus prepara para seus filhos?
A figura deste mundo está suja pelo pecado, mas Deus nos prepara uma nova terra onde habita a justiça e cuja bem-aventurança é capaz de saciar e extravasar todos os desejos de paz que surgem no coração humano.

O progresso material interessa a Deus?
O progresso material enquanto possa contribuir para ordenar melhor a sociedade humana interessa em grande escala ao Reino de Deus.

Para onde os cristãos caminham?
“Vivificados pelo Espírito, os cristãos caminham como peregrinos para a consumação da história humana, que coincide plenamente com seu amoroso desígnio divino de restaurar em Cristo tudo o que existe no céu e na terra”.