sábado, 11 de outubro de 2008

O Apocalipse

O Apocalipse

Queridos irmãos evangélicos,


Eu me admiro muito que haja entre vocês pessoas que qualificam outros como “o demônio” ou não queiram dr a mão a alguém porque dizem que tem “o selo” na mão direita. Outros dizem que o Papa de Roma tem na fronte o número 666 e não faltam os que dizem que alguns produtos de comida tem o selo do demônio em suas caixinhas.
Que ignorância tão grande! E o pior é que querem justificar tudo com a Bíblia na mão.
Irmãos e amigos, devemos ler a Bíblia e não interpreta-la a nosso gosto. A Sagrada Escritura não é um livro para dar medo, e menos ainda para caluniar pessoas inocentes com falsas interpretações bíblicas. É um pecado muito grave contra a Lei de Deus. “Não dês falso testemunho contra teu próximo” (Ex.20,16). O apóstolo Pedro não disse que devemos ser prudentes com nossas interpretações bíblicas?. “Nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação particular”. (2Pd 1,20). Assim que ninguém por falta de compreensão diga tolices com a Bíblia na mão.
Nesta carta vou lhes falar do número 666, do selo (marca) da Besta. Em outras oportunidades lhes falei do “fim dos tempos” e do “Anticristo”. Convém que leiam primeiramente com atenção estas cartas anteriores para compreender melhor a reflexão de hoje.
Tomem a Bíblia e meditem com atenção os textos bíblicos que lhes vou citar. Não lhes quero falar com mentiras nem menos ainda com meias verdades.Somente queremos buscar a verdade acerca de Deus e dos homens e é esta a verdade que nos fará livres (Jo.8,32).


1. O Número 666
Em que livro da Bíblia aparece o selo? Este texto aparece no Apocalipse 13,15-18.
É um texto muito misterioso e difícil de compreender. Por isto antes de explicar esta citação devo dizer-lhes algo acerca do livro do Apocalipse em geral, senão, nunca vamos compreender o que o sagrado escritor quis dizer a fundo.
Como devemos entender o livro do Apocalipse?
Este livro foi escrito mais ou menos no ano 100 depois de Jesus Cristo. Eram tempos difíceis para os cristãos porque o império romano perseguia todos os crentes. Os cristãos viviam quase escondidos e não podiam falar em público. Menos ainda podiam escrever e publicar suas cartas . Por isso o autor deste livro, para animar os crentes, publicou seu escrito clandestinamente e usou uma maneira de escrever muito misteriosa, com sinais e imagens que somente os entendidos podiam compreender. Esta forma de escrever se chamava “o estilo apocalíptico” (de revelações). Era uma forma de escrever muito comum naquela época. Com chamativas imagens e grandiosas visões fictícias, o sagrado escritor quer explicar “os últimos tempos” que é “a luta do poder político romano contra os escolhidos de Deus” ( a Igreja de Cristo). Muitos sinais, símbolos e algarismos em forma muito sofisticada são como um jogo para que os leitores entendidos possam reconhecer sua própria realidade e identificar personagens ou acontecimentos daquele tempo.

2. A grande mensagem
A grande mensagem de fundo do Apocalipse é a seguinte: Cristo ressuscitado é o centro da história; o mundo agora é o cenário da luta entre a Igreja, encabeçada por Cristo, e as forças do demônio. O s cristãos são chamados a dar um corajoso testemunho.
Este escrito não é um livro para , nem é um livro de terror, mas trata-se de um livro de grande esperança.
Irmãos quando lemos este livro devemos sempre buscar este sentido profundo e não devemos tomar ao pé da letra as imagens, os sinais, ou símbolos. São visões e imagens inventadas pelo escritor para mostrar uma mensagem muito profunda.
Que diz o texto do Apocalipse 13,6-18?
Lemos: “A besta” conseguiu, então, que todos, grandes e pequenos, ricos e pobres, livres e escravos, se lhes ponha uma marca na mão direita ou na fronte: e ninguém poderá comprar nem vender se não está marcado com o número da besta ou com o algarismo de seu nome. Aqui verão quem é sábio. Se vocês são estendidos, interpretem o algarismo da besta. Trata-se de um homem e seu algarismo é 666.
Irmãos, a primeira leitura deste texto nos parece muito estranha, é muito difícil de compreender este texto tal com está. Mas devemos ver estes versículos em todo seu contexto.

3. O significado
Em que contexto aparece este texto?
Este texto é uma parte de uma grande visão da batalha da mulher contra o dragão e as duas bestas. Encontramos aqui muitos símbolos, sinais que se referem a personagens e acontecimentos daquele tempo.
Esta visão de João trata da batalha final contra Satanás. Apresentam-se as duas tropas que se vão combater: por um lado a mulher (=o povo de Deus) e, por outro, o dragão ( =Satanás) com seus dois aliados na terra: uma besta que vem do mar (que representa o poder político romano, que persegue os cristãos) e outra besta vem da terra (que representa as falsas religiões que competiam com o cristianismo). Como dissemos, são todas imagens fantásticas e visões fictícias que se referem a fatos concretos daquele tempo.
A segunda besta (a das falsas religiões) é a que está marcada com o 666 (Ap. 13,11). Este texto nos faz ver que esta segunda besta se parece com o Cordeiro, mas falava como o dragão (=o monstro, o demônio). É a figura das falsas religiões que competiam com o cristianismo. Falsas religiões que ofereciam uma religião celestial, mas que não condenavam os pecados da primeira besta (=os pecados do mundo romano e sua corrupção), v 11: “Esta besta falava com o monstro”. Isto é muito importante: quer dizer que são falsas as religiões que tem Jesus na boca mas calam sistematicamente a injustiça e pregam a resignação ao mal e a submissão ao poder terrestre. Em todos os tempos e sobretudo nos sistemas ditatoriais, houve pessoas que “falaram com o monstro”, isto é, que buscaram adula-lo e aplaudi-lo sem importar-se com os crimes cometidos por ele.Isso acontece em vários países e aconteceu sempre tanto da parte de católicos como de evangélicos. Que responsabilidade tão grande a daqueles que em lugar de ser luz por denunciar abusos e atropelos venderam sua consciência por um prato de lentilhas! Este é o sentido apocalíptico de “falar com a besta” e a tentação do cristão de todos os tempos.


4. O servilismo religioso
V.14: “Aconselha que façam uma estátua da primeira besta”. Quer dizer que estas falsas religiões se tornam servidoras da primeira besta (do poder político romano). São religiões oportunistas que se tornam servidoras dos senhores do mundo, pregam a submissão religiosa ás autoridades sem condenar o mal que produzem muitos sistemas políticos e econômicos. Elas convertem, sem perceber, o poder político num falso deus (=estátua, ou ídolo de barro).
V.17: Este falso deus pode proteger e condenar a quem quiser, pode dar pão e vender a quem tem o selo, aos que são seus aliados. A isto se refere a marca: são os aliados dos poderosos deste mundo, e os não aliados (os que não tem a marca ou o selo) não podem comprar nem vender. (Também nós o vivemos muito de perto).
V.18: “O algarismo desta segunda besta é 666”. Em muitos escritos daquele tempo era comum dar um algarismo a cada letra do alfabeto e se conseguia assim escrever com algarismos os nomes de alguns personagens. Era como um jogo que o leitor tinha que decifrar.

5. Como decifrar o enigma?
Pode-se calcular o algarismo 666 de várias maneiras, mas corresponde, sem dúvidas, a algum imperador romano, possivelmente a Nero que com suas loucuras matava os cristãos que eram para ele igual aos cachorros.
A forma mais aceita de interpretar o 666 é o seguinte:
O algarismo 7 é o símbolo da perfeição (representa em linguagem atual o aluno que tirou um 7 ). O algarismo 6 é o sinal do imperfeito, representa o que procurou ser 7 e não conseguiu sê-lo. O 7-1=6 é o imperfeito, é o mau. O algarismo 3 significa plenitude. Assim, 3 vezes 6 é a plenitude do imperfeito, é a plenitude do mau. Neste caso assentaria bem em Nero. Percebemos que este dado de 666 deve ter sido tomado com quebra-cabeça para apontar o homem perverso daquele tempo. Isto, evidentemente, é uma loucura, com o fazem alguns contrários aos católicos, aplicar à força este algarismo ao Papa, como se Pedro, o primeiro Papa da Igreja de Cristo, e seus legítimos sucessores devessem identificar-se com o imperador romano que matava os cristãos. Estas fantasias dos anticatólicos não tem nada que ver com a Bíblia. Há muito mais que se poderia escrever acerca deste tema, mas creio que isto é suficiente para compreender estes textos em seu verdadeiro sentido. É muito doloroso ver que alguns indicam com o dedo o Papa – uma pessoa tão bem intencionada entre nós – e lhe dão o título de “o demônio” ou “a besta”. Sempre existiu esta maldade, que é produto da ignorância atrevida. Não nos esqueçamos de que quando Jesus expulsava os demônios e fazia o bem a todos, os próprios fariseus, gente muito religiosa daquele tempo, o acusavam como o homem possuído por Belzebu, o chefe dos demônios (Mc 3,22)
Custa mais é assim que devemos praticar as palavras de Jesus desde a cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Não sabem o que dizem). Se caluniaram o próprio Mestre, que acontecerá a seus seguidores? “Todo o mundo vai odiá-los por minha causa; mas o que seguir firme até o fim este será salvo” (Mt 10,22). “Nenhum discípulo é mais que seu Mestre” (Mt 10,24). A respeito disso, os sabatistas dizem que o Papa é a besta do Apocalipse e que ele colocam o número que corresponde às letras latinas seu equivalente em algarismo romanos para concluir que ele e a Igreja Católica são a besta do Apocalipse. Esta interpretação é tão falsa com tendenciosa. Primeiro porque São João não escreveu em latim mas em grego e em segundo lugar porque nunca o Papa levou esta inscrição na tiara. Para terminar, uma última palavra para aqueles que usam da ignorância de gente de boa vontade para colocar-lhes coisas raras e bobagens na cabeça e assim condenar e caluniar a meio mundo. “Quem escandalizar um desses pequeninos que acreditam em mim, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho no pescoço, e ser jogado no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! (Mt 18, 6-7).


6. Qual deve ser nossa atitude diante das seitas?
1) Nunca devemos usar o ataque direto e exaltado, porque isto iria contra o grande mandamento do convidar para seguir o verdadeiro amor fraterno. 2) Para o cristão o melhor caminho será sempre apresentar a verdade com amor e caminho de Cristo.3) Usar um são discernimento, recusando o mal que vemos neles e aproveitando o que é bom e valioso para integrá-lo e vive-lo em nossos grupos. 4) Apresentar claramente os perigos das seitas que são muitos:- As seitas manipulam a Palavra de Deus ao interpreta-la literalmente e a serviço de seus próprios interesses. Busquemos o que nos une e não o que nos separa. Que nunca saia de nossos lábios uma ofensa ou um insulto para com os que não crêem como nós. Temos que orar ao Pai dos céus para que, levados por seu Santo Espírito, se restabeleça na Igreja a unidade perdida.