sábado, 11 de outubro de 2008

Maria foi sempre virgem?

Maria foi sempre virgem?

Podemos dizer que Maria foi sempre virgem?
Todos os cristãos aceitam Maria como mãe de Jesus; mas enquanto os católicos falam dela como “a Virgem Maria” as outras religiões cristãs e muitas seitas não querem dizer nem reconhecer que Maria é sempre virgem. Muitos dizem simplesmente, que Maria teve mais filhos e por isso não pode ser “virgem”.
Em uma carta anterior já lhes falei dos “irmãos de Jesus” e lhes esclareci que não existe nenhum fundamento bíblico para dizer que Maria tinha mais filhos. Nesta carta quero falar-lhes, a partir da Bíblia, a respeito de Maria sempre virgem.

1. A concepção virginal de Maria
O fato da virgindade de Maria no nascimento de seu filho Jesus é afirmado claramente na Bíblia:
Mt 1,18: “Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo”.
Lc 1,30-35: “O anjo Gabriel lhe disse: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus... Eis que conceberás e darás e darás à luz um filho...Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conhece homem? Respondeu-lhe o anjo: o Espírito Santo descerá sobre ti...e o ente Santo que nascer de ti será chamado filho de Deus”. Jo 1,13: “Os que não nascerem do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de : mas sim de Deus”.
Estes três textos bíblicos são testemunhos sólidos para afirmar o fato da virgindade de Maria na concepção de Jesus.

2. Maria quis esta virgindade?
O Evangelho diz que “Maria era uma virgem desposada com um homem chamado José” (Lc 1,27). Este matrimônio de Maria com José nos move, à primeira vista, a dizer que Maria não quis esta virgindade.
Sem embargo, o evangelista Lucas nos oferece outros dados acerca deste compromisso matrimonial.
Leiamos atentamente no Evangelho de Lucas 1,26-38: Neste relato bíblico vemos como Deus respeita os homens. Ele nos salva sem que nós mesmos queiramos. Jesus o Salvador foi desejado e acolhido por uma mãe, uma jovenzinha que, livre e conscientemente, aceita ser a servidora do Senhor e aceita ser Mãe de Deus. V.26: “No sexto mês, o anjo foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”. São Lucas usa duas vezes a palavra “virgem”. Por que não disse uma “jovem” ou uma “mulher”? Simplesmente porque o escritor sagrado se referia aqui às palavras dos profetas do A.T. que afirmavam que Deus seria recebido por uma “virgem de Israel” (Is 7,14). “O próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará “Deus conosco”.
Durante séculos, Deus havia suportado que seu povo, de mil maneiras, lhe fosse infiel e tinha perdoado seus pecados. Mas o Deus Salvador, ao chegar, deveria ser recebido por um povo virgem que tivesse deposto suas próprias ambições para colocar seu futuro nas mãos de seu Deus. Deus devia ser acolhido com um coração virgem, ou seja, novo e não desgastado pela experiência de outros amores.
-Inclusive no tempo de Jesus, muitos ao ler a profecia de Is.7,14 tiravam a conclusão de que o Messias nasceria de uma mãe Virgem. Agora bem, o Evangelho nos diz: Maria é a virgem que dá à luz o Messias.
-Vs 34-35: “Maria perguntou ao anjo: “Como se fará isso, pois não o conheço homem? Respondeu-lhe o anjo: “O Espírito Santo descerá sobre ti e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti, será chamado Filho de Deus””
Ainda que Maria seja esposa legítima de José, a pergunta dela ao anjo indica o propósito de permanecer virgem.
O anjo esclarece que o menino nascerá de Maria sem intervenção de José. O que vai nascer de Maria no tempo é o mesmo que já existe em Deus, nascido de Deus, Filho do Pai (Jo 1,1). E a concepção de Jesus no seio de Maria não é outra coisa senão a vinda de Deus a nosso mundo.
Que significa “a sombra” ou “a nuvem” neste texto bíblico?
Os livros Sagrados do antigo Testamento falam muitas vezes da “sombra” ou “da nuvem” que enchia o Templo (1Rs 8,10), sinal da presença divina que cobria e amparava a cidade santa (Eclo 24,4). Ao usar esta figura, o Evangelho quer dizer que Maria passa a ser a morada de Deus desde a qual Ele realiza seus mistérios. O Espírito Santo vem, não sobre seu Filho, mas vem primeiramente sobre Maria, para que conceba por obra do Espírito Santo.

3. Maria tinha pensado em consagrar a Deus sua virgindade antes que o anjo viesse?
O evangelho não dá certezas a respeito, somente encontramos a palavra de Maria: “Não conheço homem” ou “não tenho relação com nenhum homem”. (Lc 1,34). Recordemos que Maria já está comprometida com José (Lc 1,27) o que segundo a lei judia, lhes dá os mesmos direitos do matrimônio, mesmo que ainda não vivam na mesma casa ( Mt 1,20).
Nestas condições, a pergunta de Maria: “Como poderei ter um filho, pois não conheço homem?” (Lc 1,34) não teria sentido nenhum, se Maria não estivesse decidida já a permanecer virgem para sempre. Maria é esposa legítima de José. Se este matrimônio,quer ter relações conjugais normais, o anúncio do anjo referente a sua maternidade não pode criar-lhe nenhum problema. Entretanto, Maria manifesta claramente seu problema: “pois não conheço homem”. Ademais esta pergunta de Maria permite outra tradução válida na mentalidade dos judeus: “Como se fará isso, se não quero conhecer homem?” Sem dúvida esta pergunta de Maria indica seu firme propósito de permanecer virgem.
Alguns terão dificuldades para aceitar esta decisão de Maria e dirão que tal decisão é surpreendente por parte de uma jovem judia, porque é sabido que Israel não dava grande valor religioso à virgindade.
Não devemos olvidar que a Palestina de então havia grupos de pessoas que viviam em celibato (os essênios) e com seu estilo de vida esperavam a imediata vinda do Messias. Por outro lado o celibato ou a virgindade durante toda a vida não existia para mulheres que, segundo o costume judeu, por ordem de seu pai tinham que aceitar um matrimônio imposto. Por isso a jovem Maria que queria guardar virgindade, dificilmente podia recusar este compromisso matrimonial imposto. E por isso ela tinha aceitado este compromisso com José, mas com a decisão de permanecer virgem. Como conclusão podemos dizer que este texto bíblico é favorável à vontade de Maria de permanecer em virgindade.
Além disso, está claro na Bíblia que Maria tinha Jesus como filho único e que não teve mais filhos.

4. Que sentido tem a virgindade?
Maria não expressa seus motivos, mas tudo o que Lucas deixa entrever da alma de Maria supõe que ela tinha motivos elevados. Por meio do anjo, Deus a trata de “muito amada”, “cheia de graça”, “o Senhor está com ela”. E Maria quer ser sua “serva”, com a nobreza que a língua bíblica dá a esta palavra. “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Sua virgindade parece assim uma consagração, um dom de amor exclusivo ao Senhor.
Muita gente se estranha ante tal decisão de Maria; como pensaria Maria em manter-se virgem no matrimônio, especialmente no povo judeu, que não valorizava a virgindade? Inclusive nas igrejas católicas muitas pessoas ao lerem no Evangelho a expressão “irmãos de Jesus” concluem simplesmente que Maria teve outros filhos depois de Jesus. (Em outra carta lhes falei claramente deste assunto e está muito claro na Bíblia que Jesus não tinha irmãos no sentido estrito desta palavra). Mas o grave é que muitas seitas estão desejosas de negar simplesmente a virgindade de Maria. A que se deve isto? Sem dúvida que a inúteis prejuízos e à falta de conhecimentos bíblicos. Ou será pelo comichão de colocar dificuldades à religião católica?
Virgem devia ser aquela que, desde o começo, foi escolhida por Deus para receber seu próprio Filho num ato de fé perfeita. Ela, que daria a Jesus seu sangue, seus traços hereditários, seu caráter e sua primeira educação, devia ter crescido à sombra do templo de Jerusalém, como diz uma antiga tradição, e o Todo-Poderoso, qual flor secreta que ninguém fizera sua, a guardou para seus divinos desígnios. É por isso que Maria renunciou a tudo menos ao Deus vivo. E assim para o futuro, ela será o modelo de muitos que, renunciando a muitas coisas, entrarão no Reino e obterão a única recompensa que é Deus.

5. Consideração final
Para um homem ou uma mulher crente, não é coisa excepcional renunciar definitivamente ao sexo, isto é, a ter relações sexuais. Existe inumeráveis exemplos de jovens que, desde muito cedo, intuíram que este caminho evangélico é um caminho mais direto pra aproximar-se melhor de Jesus: Irmã Teresa de Los Andes, o padre Hurtado e tantos outros. Acaso Maria era menos inteligente que eles ou menos capaz de perceber as coisas de Deus? Não podia ela captar por si mesma o que Jesus dirá a respeito da virgindade escolhida por amor ao reino? (Mt 19,12). E depois de ser visitada em forma única pelo Espírito Santo, que é o sopro do amor de Deus, Maria necessitaria ainda das carícias amorosas de José? Se a história da Igreja nos proporciona tantos exemplos do amor ciumento de Deus para os que foram seus amigos e seus santos, como ia ser menos para aquela mulher, Maria, que foi “cheia de graça?
Que torpeza inconsciente são as tolices daqueles que se olvidam da Tradição dos Apóstolos, a qual proclama que Maria foi e permanece sempre virgem!
Rejeitar a virgindade de Maria...que maneira de rebaixar as maravilhas de Deus! Maria desejava ser totalmente de Deus e com o “sim” da Anunciação ela se consagrou total e exclusivamente ao plano de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Realmente é incompreensível a fobia de alguns de nossos irmãos evangélicos que procuram denegrir e rebaixar a dignidade de Maria. Nunca pregam sobre ela, e em repetidos casos, destruíram suas imagens. Nós temos que ter bem fundamentado nosso culto e veneração a Maria e devemos seguir proclamando seus louvores, tal como ela já o antecipou no canto do Magnificat. Por outro lado, Maria aparece unida a Jesus na encarnação, no nascimento, vida, paixão e morte de seu Filho Jesus e também na Igreja primitiva. Agora bem, o mesmo Jesus disse: “ O que Deus uniu o homem não o separe”. Honremos pois a Maria e redobremos nossos esforços por amá-la, por nós e por aqueles que a desconhecem.


Bendita seja tua pureza
e eternamente o seja
pois até um Deus se recreiaem tão graciosa beleza
A ti, celestial princesaVirgem sagrada Maria
eu te ofereço neste dia
alma, vida e coração,
olha-me com compaixão,
não me deixes, minha mãe.