sábado, 11 de outubro de 2008

O Dízimo

O Dízimo
Queridos irmãos:Hoje vamos conversar um pouco sobre o nosso compromisso com a manutenção da Igreja. Muitas coisas vão mudando na Igreja no Brasil, conseguindo uma maior participação do povo. Por exemplo: a Campanha da Fraternidade, um tempo forte de evangelização e de conscientização sobre os problemas sociais; as Comunidades eclesiais de Base, a Pastoral da Criança e muitos outros. Assim, não poderia faltar a Pastoral do Dízimo. A Assembléia Geral da CNBB, em Itaici, 1974, assumiu o dízimo e recomendou a sua implantação em todas as dioceses brasileiras. Hoje, o Dízimo está sendo assumido pela maioria das 280 dioceses e 500 paróquias do nosso país. Neste pequeno espaço vamos apresentar o Dízimo na Bíblia, no Magistério da Igreja e sua nas paróquias e comunidades.

1. Dízimo, uma experiência de Deus
O Dízimo é uma experiência de vida com Deus e uma promessa de prosperidade para aqueles que querem fazer uma experiência com Deus. Só quem faz esta experiência poderá sentir o quanto é abençoada a pessoa que faz uma opção sincera pelo Dízimo. O material, que é o dinheiro, também é um talento em que devemos prestar conta.O Dízimo é termômetro do amor a Deus e ao próximo. Assim aconteceu com Abraão ao acolher Melquisedec em sua casa. O sacerdote do Deus Altíssimo abençoou Abraão dizendo e este lhe deu a décima parte de tudo (cf. Gn 14,18-20). Assim como Abraão, você também pode fazer esta experiência de Deus em sua vida. Muitos, inclusive cristãos, iludem-se com jogos e loterias, pensando em ficar ricos de uma hora para outra.Tudo ilusão!A experiência do Dízimo nos faz mais fecundos, tomamos consciência que somos administradores dos bens que o Senhor gratuitamente nos dá. A exemplo de Jesus, que falava em parábolas para que todos o compreendessem, vamos refletir sobre o Dízimo comparando-o com o trabalho do agricultor no campo.
2.Limpar o terreno
Para se plantar qualquer lavoura é necessário preparar o terreno: limpar o local, afofar a terra, adubar etc. assim também é com a implantação do Dízimo numa comunidade. É preciso traçar as metas, os objetivos, planejar. Limpar o terreno é criar consciência nova e diferente. É preciso pensar a fé de modo novo e diferente. É como a história do encontro de Jesus com Nicodemos. É preciso nascer do alto, da água e do Espírito Santo.A coisa mais maravilhosa que pode acontecer na vida de uma pessoa é a descoberta do amor de Deus e que ela pode colaborar com sua comunidade paroquial com alegria e contentamento.
3. Preparar o plantio
A implantação do Dízimo só será entendida quando a comunidade estiver com o terreno preparado. Quando somos convidados pela Palavra de Jesus a mudar de vida, há a necessidade de uma tomada de consciência do que somos e fizemos. Um dia um senhor me contou uma história muito interessante. Ele comparou certos católicos às mandiocas novas e velhas. Disse ele: “sabe, Padre, há católicos que é como mandioca velha. Você vai a roça e vê aquela planta viçosa, raízes fortes, grandes. Mas quando a leva no fogo e pouco e cozinha, cozinha...e ela continua dura como pedra. Bom mesmo é a mandioca nov poucos minutos no fogo e ela se derrete...”
Assim, acredito que sejam muitos cristãos católicos. Vão à igreja, participam dos sacramentos, fazem caridade mas não mudam o seu modo de pensar a fé, a sociedade e a política. Passa ano, sai ano e eles continuam com a fé tradicional, rotineira...O nascimento do novo exige certas tomadas de providências. Querer ser dizimista com a mentalidade “velha” não vai dar certo. Ter fé em Jesus não é só admirar o que Ele faz. É necessário conversão. Podemos afirmar que isso começa pelo destaque que o cristão começa a dar à Palavra de Deus em sua vida. Ao invés de ficarem pedindo, pedindo... começam a agradecer. Quando começamos este processo, estamos mandando para o nosso cérebro uma mensagem positiva de prosperidade, de bênção , de ter para dar.“A bênção de Javé faz prosperar e a nossa fadiga nada lhe acrescenta” (Pr 10,22). Então, limpe o seu terreno... Plante!
4. Lançado a semente
A opção pelo Dízimo é como uma colheita: você tem que acreditar. Há um provérbio maroto e muito conhecido que diz: “Quem não arrisca não petisca”. A coisa é mais ou menos assim. O dízimo, em princípio, é uma bênção. Somente a partir dessa idéia é que você deverá fazer, em seu coração, a opção consciente pelo Dízimo.Nós católicos não estamos muito acostumado à idéia de bênção, nem de Dízimo. É bom aproveitar este tema para fazer a ligação com os irmãos evangélicos, um entrosamento. E que sejamos menos apologéticos, mais ecumênicos e, a partir do Dízimo, mais irmãos.Na Bíblia, a idéia de bênção supõe prosperidade. Ser próspero é ter o necessário, o que diverge da idéia de ser ricos e reclamamos porque não o somos.Devemos aceitar o plano de Deus para cada um de nós. O seu Reino é partilha e para isso é necessário lançar a semente para ver os frutos a partir da colheita. O Dízimo é como uma semente reconhecida. Nela temos garantia e segurança de que ela produzirá muitos frutos. O Dízimo é uma herança do povo de Deus no Antigo Testamento. O livro dos Provérbios diz que “a bênção faz você prosperar” (Pr 10,22).Acredito, meu irmão, que está chegando a sua hora de escutar o seu interior e começar a pensar em coisas novas. Coisas que nunca aconteceram com você. “O homem leal receberá muitas bênçãos, mas quem quer enriquecer rapidamente não ficará impune” (Pr 28,20). O Dízimo nos educa para a prosperidade, para a bênção e para pedirmos a Deus aquilo que é suficiente para vivermos dignamente como filhos de Deus. O dízimo tem um sentido comunitário e empreendedor para o fortalecimento da comunidade local.
5. Cuidando da plantação
Como sabemos por experiência, a planta precisa de cuidados especiais para que possa produzir o suficiente. Quando não se cuida bem da planta, ela morre ou cresce raquítica e sem viço.Isso também acontece com o dízimo. O dízimo para o católico é como um plantinha que deve ser cuidada. No dia que começarmos a cuidar do Dízimo, você verá que tudo vai mudar da Igreja e, especialmente, na sua comunidade. A comunidade será muito mais unida. Acabarão os “donos” da igreja. E começam a aparecer os resultados, como o trabalho de assistência social, por exemplo.Uma comunidade feliz, alegre e contente se encarrega de fazer a propaganda do Dízimo. O Dízimo é uma experiência bíblica do Antigo Testamento, e está presente também no Novo Testamento, como vemos nos Atos dos Apóstolos: “Os cristãos tinha tudo em comum. Repartiam seus bens com alegria”. Vejamos o testemunho de um dizimista: Depois que eu comecei a colaborar com o Dízimo, a minha vida ficou diferente. Hoje, sou outra pessoa! A minha família é muito mais feliz!Hoje, eu tenho Deus dentro de mim e em minha casa”. Dízimo não é uma questão de certa porcentagem (10%). É um sinal de compromisso e fidelidade com Deus, com a Igreja e com os pobres.
6. Colhendo o produto
Nada é mais interessante e gostoso que ver os frutos daquela planta que plantamos e cuidamos com muito carinho e dedicação. Quando a gente faz tudo certinho ou se esforça, ao menos, em faze-lo, a natureza dá aquilo que procuramos. A colheita é abundante. Assim acontece com o Dízimo.Para se chegar à colheita é necessário um bom investimento junto aos agentes do Dízimo. Deve-se criar uma equipe bem preparada para estar atenta a todas as perguntas que as pessoas fazem sobre o dinheiro arrecadado na comunidade. Os frutos vêm quando o padre e os agentes de pastoral fazem um excelente trabalho de conscientização em todos os setores de atividades da comunidade. É um trabalho constante porque facilmente o pessoal se esquece de sua responsabilidade e das obrigações com Deus e com a Igreja. Na sabedoria indiana há um provérbio que diz: “tudo amadurece a seu tempo e frutifica quando chega a hora” Assim devemos proceder com a conscientização sobre o Dízimo. Se o povo é lento em aprender da Palavra de Deus, devemos ter a certeza de que Israel levou quarenta anos para chegar à terra prometida, onde corriam leite e mel. Provavelmente nem todos tinham a convicção de que era Deus quem estava conduzindo aquele povo. Uma terra deste quilate não era para ser deixada de lado por pouco ou por qualquer motivo. Então, por qual motivo poucos chegaram lá? Os frutos do Dízimo só vêm depois de muito esforço e consideração da comunidade. Como a flor e a planta, geralmente só as colheremos quando cuidarmos delas e as prepararmos para a colheita. A colheita do Dízimo só se realizará realmente, quando entendermos que ele é como um receber de volta aquilo que temos para administrar. Como dizia Tagore: “Deus, certamente, não necessita de nossas flores mas sim de nossos gestos de delicadeza e de ternura, que são marcas do ser humano. Então podemos aplicar isso ao Dízimo. Não é questão de troca de mercadorias mas de reconhecimento da criatura para com o seu Criador. “Quando plantamos na justiça já não sobra e nem falta” (cf. Ex 16,18).
7. Administrando a colheita
O Dízimo só terá sucesso quando houver seriedade na comunidade. Os agentes de pastoral deverão estar bem preparados para esta tarefa pastoral. Os agentes deverão ser escolhidos a dedos pelo padre, o conselho Paroquial (onde houver) O profeta Malaquias nos estimula a fazer essa experiência de Deus em nossa vida a partir do Dízimo. Ele nos lança o desafio de provar a Deus. Há certa ousadia, mas há um gesto de delicadeza por parte daquele que quer experimentar Deus de forma diferente.“Tragam o dízimo completo para o cofre do Templo, para que haja alimento em meu Templo. , para que haja alimento em meu Templo. Façam esta experiência comigo” (Ml 3,10). Este texto bíblico pertence à reforma de Malaquias. “Chegou o povo a acreditar mais em feiticeiros do que na proteção de Deus”, disse o profeta. Hoje, infelizmente, pagam-se contribuições a feiticeiros da terra, esquecendo-se dos tributos ao Senhor. Torna-se necessário uma reforma geral de tudo aquilo que deveríamos administrar como bens messiânicos e divinos.É necessário voltar ao Dízimo, porque este é o plano financeiro de Deus. Assim se expressa São Paulo: “Todo primeiro dia da semana cada um coloque de lado aquilo que conseguiu economizar” ( 1Cor 16,2). São Paulo, inclusive, indica um plano para se administrar bem o Dízimo; a) Contribuição Periódica: ele diz no primeiro dia da semana, isto é, no domingo. No nosso caso, o dízimo deverá ser mensal, sendo uma praxe conseqüente do salário mensal. b) Pessoal: São Paulo fala de cada um, cada pessoa, sendo o pai, mãe, o filho e assim por diante. O Dízimo é pessoal e, em determinados casos, havendo um acordo na família cristã, ele poderá ser administrado em família. C) Proporcional: esta é outra regra orientada por São Paulo. O que é “conseguir economizar”? Será que temos essa preocupação com o Dízimo? Recebemos 100%, não é o mesmo? Qual é a sua parte? Qual é a parte do Senhor? A partilha começa a existir na comunidade quando esta é tocada pela graça. “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”. Administra-se bem o Dízimo quando as suas dimensões evoluem na linha do amor e da caridade para com os irmãos menos favorecidos.