sábado, 11 de outubro de 2008

O Anticristo

O Anticristo

Queridos irmãos católicos,


Outro dia alguém me disse que o Papa de Roma é o Anticristo. Eu lhe perguntei: Como você sabe? Respondeu-me que isto está na Bíblia. Disse-lhe que a Bíblia fala do Anticristo, mas que não está escrito em nenhuma parte que o Papa seja o Anticristo.
“Você deve ler bem as Escrituras” lhe disse. Existem pessoas que gostam de falar do Anticristo, existem filmes que tratam deste assunto. Existem seitas religiosas que anunciaram o nascimento deste personagem, que dizem que ainda está escondido e logo aparecerá. Que existe sobre o Anticristo?
Irmãos católicos, não se deixem guiar por fantasias e lendas. Sempre haverá gente insensata que semeia dúvidas e mentiras; eles são filhos do “grande mentiroso”. É melhor que meditemos com serenidade as Escrituras Sagradas e deixemos de lado os rumores e fanatismos, e atitudes hipócritas.
Nesta carta quero ler para vocês e explicar-lhes os textos bíblicos que falam do Anticristo: (1Jo 2,18 e 22;2Jo 7).
A palavra Anticristo significa “O que está contra Cristo, ou o malvado”. Outros textos nos falam do “homem do pecado”, “o rebelde”, “o sem lei”. Todas estas expressões indicam mais ou menos o mesmo que Anticristo.

Textos apocalípticos
Antes, porém, de falar-lhes deste assunto, devo explicar-lhes algo muito importante para a reta compreensão dos textos que se referem ao Anticristo.
Os textos que nos falam deste tema quase todos foram escritos num estilo apocalíptico. Que quer dizer isto? Esta maneira de escrever era muito comum naquele tempo. Existem muitos livros escritos assim, com revelações misteriosas. Era uma forma de esclarecer os acontecimentos de então e do fim dos tempos. Expressavam isto com visões fictícias, com imagens fantásticas e era um jogo para os leitores reconhecer sua própria realidade contada em forma sofisticada.
Geralmente são textos difíceis de compreender, porque o leitor de hoje, como o daquele tempo, deve buscar o significado profundo que está por trás destas imagens e visões. É claro que não podemos tomar esta visões ao pé da letra.
A grande mensagem de fundo de todos estes textos apocalípticos é a seguinte: “Cristo é o centro de toda a história; o mundo é o cenário da luta entre os eleitos de Cristo (sua Igreja) e as forças do demônio, mas Cristo já venceu o mal, e os cristãos são chamados a dar corajosamente seu testemunho”.
Repito que não devemos tomar ao pé da letra estas visões e imagens; não é essa a intenção dos autores sagrados. Devemos buscar sempre a mensagem mais profunda que está por trás destes textos. Assim que ninguém, por falta de conhecimento, diga tolices com a Bíblia na mão.

O Anticristo e os anticristos
Leiamos o primeiro texto (1Jo 2,18-22): “Meus filhinhos, na última hora, como se lhes disse, chegará um Anticristo; mas já vieram anticristos... Eles saíram do meio de nós mesmos, ainda de realmente não fossem dos nossos (v.19). E “quem é o mentiroso senão o que nega ao mesmo tempo o Pai e o Filho” (v.22).
Há outro texto muito parecido com este: (2Jo,7) “Vieram ao mundo muitos sedutores, que não reconhecem Jesus como o Messias encarnado. Estes são impostores e anticristos”.
Estes são os únicos textos que falam do Anticristo e dos anticristos. Eles nos fazem ver que os ouvintes de João sabiam que, na véspera da vinda de Cristo, apareceria um anticristo, que é o homem que nega Cristo.
Ademais o apóstolo são João diz aqui que existe outros anticristos, entre eles; são aqueles que negam que Jesus seja o Cristo e que Cristo seja Deus igual ao Pai. É o que acontece em todos os tempos: há tantos cristãos infiéis de ontem e de hoje que negamos que Cristo seja igual ao Pai.
Nestes textos o apóstolo João aponta todos os anticristos que apareceram e que aparecerão na história.
Em Mt 24,24 Jesus fala também neste sentido: “Aparecerão falsos messias e falsos profetas, que farão grandes maravilhas e prodígios, capazes de enganar, se fosse possível, até mesmo os eleitos de Deus”.
Irmãos, eis aqui os textos bíblicos que nos falam dos anticristos. São figuras ou personagens que representam a encarnação do mal como um poder misterioso no mundo, e este poder maligno aparecerá especialmente um pouco antes da vinda gloriosa de Cristo.

O homem do pecado (2Ts 2,3-12)
Neste sentido o apóstolo Paulo fala do “homem do pecado”. Mesmo que o apóstolo não use a palavra Anticristo, podemos ver claramente nesta expressão esta mesma realidade do Anticristo.
Mas antes da segunda vinda de Cristo deve acontecer a grande apostasia (refere-se a uma crise religiosa em escala mundial). Então aparecerá “o homem do pecado”, instrumento das forças de perdição, “o rebelde” que há de levantar-se contra tudo o que leva o nome de Deus ou merece respeito, chegando até colocar seu trono no templo de Deus e fazendo-se passar por Deus (vv. 2-4). Ao apresentar-se este “sem lei”, e com o poder de Satanás, fará milagrosos sinais e prodígios a serviço da mentira. E usará de todos os enganos da maldade em prejuízo daqueles homens que hão de perder-se (vv. 9-10).
Neste texto apostólico Paulo fala do “homem do pecado”, “o rebelde” no mesmo sentido que João fala do Anticristo. É a mesma figura misteriosa que representa a maldade no mundo.

O livro do Apocalipse (Caps 12,13 e 17)
Por último leiamos estes textos apocalípticos. Eles nos falam de várias figuras que simbolizam o poder de Satanás; são figuras do Anticristo ou dos anticristos com outro disfarce.
Caps. 12 e 13: Aqui se nos fala de uma grande visão das últimas batalhas contra Satanás. Apresentam-se duas tropas que irão se combater: Por um lado a mulher (= o povo de Deus) e por outro lado o grande dragão (=Satanás) com seus aliados. Os aliados de Satanás são duas bestas: uma besta que vem do mar (o poder político romano que esmaga os cristãos) e outra besta que vem da terra (as falsas religiões que competiam com o cristianismo).
Estas imagens do dragão e das bestas são representações fictícias do poder satânico contra Cristo. Facilmente podemos ver nestas descrições a atuação do Anticristo que quer esmagar a Igreja de Cristo.
Cap. 17: Aqui se descreve em outra grande visão a batalha definitiva. Outra vez se opõem duas forças: por um lado, Babilônia a grande, mãe das prostitutas e dos abomináveis ídolos de todo o mundo (= o poder político mundial) e por outro lado, se põe Cristo montado num cavalo branco (a cor branca simboliza o triunfo de Cristo sobre Satanás). Depois desta batalha, começa o reino de mil anos da Igreja na terra, logo Satanás é libertado para a batalha definitiva e em seguida será jogado no lago de fogo e enxofre.
Está claro que não podemos tomar estas imagens ao pé da letra, como fizeram alguns grupos religiosos que por este caminho chegam a conclusões erradas e sem sentido.
Todas estas visões nos falam de Cristo ressuscitado que triunfa sobre forças do demônio e do Anticristo.

Que devemos crer agora no referente ao Anticristo?
Atualmente há como três posições frente a estes textos bíblicos acerca do Anticristo:
1) A de alguns grupos que têm a tendência a interpretar estes textos ao pé da letra. São, geralmente, grupos religiosos fanáticos ou fundamentalistas que, com textos bíblicos na mão, assinalam tal ou qual pessoa como o anticristo atual. É claro que eles chegam a conclusões que nada têm a ver com a verdadeira intenção do autor sagrado. São muitas vezes polemistas anticatólicos que querem assim, à força, indicar que o Papa é o Anticristo, como se o sucessor legítimo de Pedro devesse se confundir com a encarnação do mal. É uma ignorância muito atrevida, um gravíssimo pecado, uma fantasia que pressupõe maldade e que não tem nada que ver com a Bíblia.
2) Outros tomam estes textos como um filme de ficção, como pura fantasia ou lendas antigas, e lêem assim a Bíblia como algo interessante. E em conseqüência são igualmente incapazes de descobrir a profunda mensagem que Deus nos quer comunicar.
3) Nós, os católicos, cremos que o Anticristo e os anticristos são uma realidade misteriosa muito profunda na história humana. É o poder do mal em toda a humanidade. É a realidade do pecado e da maldade que se manifestou e continua se manifestando em personagens históricos, em grupos de pessoas, em tendências anticristãs, em sistemas políticos e econômicos que querem esmagar os grandes valores do Reino de Deus: o amor entre os homens, a justiça no mundo, a verdadeira paz, a fraternidade e a solidariedade...
O Anticristo e os anticristos se encarnam em instituições humanas, em interesses mundiais que proclamam sutilmente, e às vezes abertamente, a guerra à Igreja de Cristo, o atropelo aos direitos humanos, a idolatria do dinheiro, do sexo e do poder. É a corrente do mal que invade toda a humanidade. É fácil ver a ação do Anticristo no mundo de hoje, por exemplo, nos cultos satânicos, nos suicídios coletivos, na ideologias que levaram algumas pessoas a cometer verdadeiros genocídios, etc.

Que acontecerá antes do fim do mundo?
Temos a impressão, segundo os textos bíblicos, que no final dos tempos se levantará uma figura escatológica com todo o poder diabólico que provocará uma grande solidariedade com o mal em escala mundial. “É o malvado que no final o Senhor o varrerá com o sopro de sua boca e o destruirá com o esplendor da sua vinda”. (2Ts 2,8). Os verdadeiros cristãos, frente a esta realidade do mal, não devem viver aterrorizados, mas devem viver a grande esperança de Cristo ressuscitado e dar corajosamente seu testemunho neste mundo. Jesus disse: “Tenham coragem, eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Quando será a segunda vinda de Cristo?
A segunda vinda de Cristo em glória e majestade é iminente mesmo que ninguém saiba o dia nem a hora.

Que acontecerá antes da vinda de Cristo?
Antes do dia final, a Igreja deverá passar por uma prova que sacudirá a fé de muitos crentes. Será desvelado o “Mistério de iniqüidade” sob a forma de uma impostura religiosa que será a do Anticristo, isto é, haverá um pseudo-messianismo no qual o homem glorificará a si mesmo colocando-se no lugar de Deus.

Como a Igreja entrará na glória do Reino?
A Igreja entrará na glória do Reino através desta última Páscoa onde seguirá seu Senhor em sua Morte e Ressurreição.

Como chegaremos à plenitude do Reino?
Chegaremos à plenitude do Reino não necessariamente mediante um triunfo histórico da Igreja ante o mundo, mas por uma vitória de Deus sobre o mal.

Que acontecerá quando chegar o juízo final?
Então Jesus Cristo virá com glória e majestade para levar a cabo o triunfo do bem sobre o mal que, como o trigo e a a palha, terão crescido juntos no curso da história. Cristo virá para julgar os vivos e os mortos.